A grande quantidade de repelentes disponíveis no mercado - só no Brasil, existem 122 com registro na Anvisa - ainda gera muita dúvida sobre como se proteger individualmente das picadas do Aedes aegypti, vetor de dengue, zika e chikungunya. Muitas pessoas me questionam sobre a eficácia destes produtos contra os diferentes tipos de mosquitos.
Mesmo que os órgãos públicos ainda batam cabeça em suas recomendações, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária pediu que a população denuncie repelentes que tenham falhado ou provocado efeitos adversos.
Outras práticas disseminadas no país contra o Aedes, como o uso de vitaminas do complexo B, também tem gerado muito ruído no consumidor.
REPELENTES APROVADOS NO BRASIL
Há 122 produtos registrados na Anvisa como repelentes para a pele. Eles têm quatro substâncias ativas:
- DEET (também conhecido como N,N-dimetil-meta-toluamida ou N,N-dimetil-3-metilbenzamida);
- IR3535 (também conhecido como etil butilacetilaminopropionato ou EBAAP);
- Icaridina (também conhecido como hidroxietil isobutil-piperidina carboxilato ou picaridina);
- Plantas do gênero Cymbopogon (citronela).
A EFICÁCIA CONTRA O AEDES AEGYPTI
Segundo a Anvisa, “todos os produtos registrados tiveram sua eficácia comprovada para ação em mosquitos da espécie Aedes aegypti”. É importante observar que o efeito de cada produto tem duração diferente e que as instruções de uso contidas no rótulo devem ser seguidas.
Porém, a eficácia dos repelentes pode variar de mosquito para mosquito. Estudos realizados até o momento sugerem que a alternativa mais eficaz contra o Aedes sejam os repelentes à base de icaridina com concetração de 25%.
No caso do DEET, por exemplo, os principais estudos de eficácia foram feitos com mosquitos Anopheles (vetor da malária) e Culex (o pernilongo comum) e mostram que repelentes à base de DEET com concentração de 15% são eficazes por 5 horas, em média.
Os estudos não foram feitos com Aedes e se referem a uma concentração maior que 15%. No Brasil, a maior parte dos repelentes à base de DEET tem concentração em torno de 10%, portanto não garantiriam essa proteção. O Aedes aegypti desenvolve um tipo de tolerância ao DEET quando exposto ao repelente por um período prolongado.
RECOMENDAÇÕES DA OMS
Contra o Aedes aegypti, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda os repelentes à base de DEET, IR3535 e icaridina.
O FIM DOS MITOS
Óleo de Citronela
Além de não ser recomendado pela OMS para combater o Aedes aegypti, há estudos que indicam que o óleo de citronela não tem eficácia contra o mosquito. Uma pesquisa publicada em outrubro de 2015 na revista “Journal of Insect Science” comparou o desempenho de produtos à base de citronela e outros ingredientes naturais contra aqueles à base de DEET. O resultado foi que produtos contendo citronela não tiveram nenhum efeito repelente significativo.
Vitamina B
Não há nenhuma base científica que justifique o consumo de vitaminas do complexo B para afastar mosquitos, segundo a infectologista Nancy Bellei. Há, pelo contrário, estudos que comprovam que o uso desse recurso não tem qualquer efeito repelente.
Denuncie repelentes que falharem
Confira a lista completa de repelentes aprovados pela ANVISA